quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Lentamente, docemente...

A corrida acabou, mas o carro não parou. 
Perde-se o controlo, sai-se violentamente do caminho, caindo por uma ravina, acelerando até ao chão, A vegetação ampara, e por entre os destroços vai-se sentido a respiração,  
Há um corpo que se levanta, um perigo que passa, uma cicatriz que sara, mas que marca.

Acreditei que viajando rápido chegaria  mais longe, e assim o fiz, de tal forma que por vezes não me dei conta ao errar o caminho. Acabei longe sim, mas sozinho, e não naquele lugar onde queria estar.

Desfaço-me do turbo e volto à estrada, com a mesma vontade e confiança em chegar longe, mas com a calma para levar os que são meus na viagem.

sábado, 12 de novembro de 2016

Crescendo com mérito

O mundo do trabalho, é por ventura aquele onde mais frequentemente se debate o mérito das pessoas ou das decisões. Será que merece aquele salário ? Será que merece aquela autoridade ?

Com o flagelo do desemprego, o mérito aplica-se ainda algo a mais trivial como ter ou não direito a um trabalho remunerado. Não havendo trabalho para todos, ou pelo menos dentro dos critérios de quem os procura, espera que os consiga, os consiga por mérito.

A nível profissional identificou essencialmente dois tipos distintos de mérito, o mérito pela necessidade, e o mérito pela influência.

O mérito pela necessidade eu entendo como aquele que é conseguido na resposta  a uma necessidade funcional do seu empregados. O mérito pela necessidade é vulgarmente atribuído "àquela pessoa dedicada e muito trabalhadora". Quando atingido de forma mais individual que colectiva, a busca por este mérito pode frequentemente levar à exaustão. Cabe ao individuo procurar o mérito de uma forma equilibrada.

O mérito pela influência, eu entendo como aquele que se consegue pela capacidade de influenciar o trabalho de uma equipa, ou de uma empresa para que de forma que de forma colectiva consigam responder às necessidades. O mérito por influência umas vezes é conseguido pela via técnica, pela partilha de conhecimento ou invenção, outras vezes pela via humana, pela carisma, empatia, e motivação.

Nos últimos anos tenho conseguido obter o reconhecimento pelo mérito de necessidade. Nu futuro e através do meu crescimento como pessoa, espero  conseguir o mérito por influência, sendo que esse, é um caminho bem mais longo.

sábado, 29 de outubro de 2016

Estudar, trabalhar, casar

"Estudar, trabalhar, casar" assim se poderia resumir "ordem dourada" socialmente estabelecido. A lógica é a do sustento, o estudo sustentará o trabalho, e o trabalho sustentará o casamento.

E quando a realidade não se resume à ordem ? O estudo não garante trabalho, nem o trabalho garante casamento.

No caos temos que nos reinventar, criar o nosso caminho, diferente do que outro modelo de vida nos ensinou. Um caminho que não conhecemos, para o qual não temos mapa. Umas vezes entrando em becos sem saída, que nos forçam a retroceder, que nos desiludem, que nos fazem perder tempo, que nos forçam a retroceder para só depois retomar a caminhada.

Nos piores momentos tentamos compreender o que falhou, não porque nos sintamos falhados, mas porque saímos da ordem que tínhamos como certa.

Por vezes receamos pelos que levamos ao colo, será o caminho desconhecido demasiado difícil para eles ?

Nada na vida é certo, há que aprender que a incerteza nos conduz na magia que é a própria vida.

Fico grato, por todos aqueles que se cruzam no meu caminho, e especialmente àqueles que caminham comigo.



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Flor do Monte (23/03/96)

Havia uma flor no monte,
tão bonita de se olhar.
Regava-a uma fonte,
que não a deixava secar.

Era grande essa flor,
e parecia cheia de vida.
Assim como o amor,
talvez numa serra perdida.

Quando chegava a Primavera,
então a flor acordava.
E tudo o que dela era,
ao belo sol brilhava.

As borboletas ia beijando,
causando-lhe impressão.
E ainda dava beijinhos,
a quem lhe estendesse a mão.

Era amiga das crianças,
que lhe faziam companhia.
Conhecia as suas esperanças,
vivia da sua alegria.

Um dia um homem chegou,
trazendo uma pá na mão.
E foi assim que começou,
aquela grande construção.

E a fonte que ali existia,
pelo foi tapada.
Pois tudo o que ele queria,
era alguma terra sem nada.


-- João Pinto



domingo, 27 de setembro de 2015

Tecnologia e Comunicação

A influência das tecnologia de comunicação nas relações sociais é um dos grandes desafios desta era "moderna".

Durante milénios a comunicação predominante entre os seres humanos exigia presença física e permitia que as mensagens fossem construídas na plenitude dos sentidos. Os sons, olhares, toques, odores e sabores eram muitas vezes mais influentes na mensagem do que as palavras.

Hoje em dia a comunicação é dominada por palavras escritas, muitas vezes curtas, transmitidas de forma instantânea, para um ou para muitos, e publicadas de forma irrevogável.

Pelas taxas de analfabetismo não se pode afirmar sequer que o ser humano domine a comunicação pela palavra escrita. Vivemos assim necessariamente numa era de gerações em que domina a comunicação como experiência social, mais do que a comunicação como capacidade bem desenvolvida.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Vida, esse grande desafio

A vida faz-se daquilo que nós fazemos, mas também de uma imensidão do que os outros fazem, e sobre as quais muitas vezes temos pouca ou nenhuma influência, o que nos leva por vezes a minimizar a nossa importância/capacidade em relação ao que nos rodeia. Ser feliz, significa para mim, acima de tudo, ter a capacidade de transformar as dificuldades em desafios. Quando sinto que o meu caminho é mais difícil, sei também que cada passo que dou faz de mim uma pessoa mais forte. 

sábado, 10 de janeiro de 2015

Ser ou não ser Charlie

O recente ataque terrorista em Paris, onde cobardemente foram assassinados jornalistas do Charlie Hebdo deu origem a um amplo movimento de apoio "Somos todos Charlie", este movimento tem recebido aplausos por um lado, e criticas por outro, e acredito que ambos são merecidos.

Eu sou Charlie, na resistência ao terror, na condenação da mais profunda manifestação de intolerância humana, tirar a vida a alguém, pelo simples facto de ter ideias diferentes das nossas.

Eu não sou o Charlie Hebdo, pois raramente tenho a coragem de divulgar descomplexadamente as minhas ideias quando estas desafiam e por vezes afrontam os que me rodeiam. Nos media, e na política há poucos Charlies deste tipo.

Ser Charlie é simplesmente temer pela vida, ser Charlie Hebdo é muito mais que isso, é acreditar que uma caneta livre sobre uma folha de papel podem valer mais do que a própria vida. Somos muitos Charlies, mas poucos, muito poucos, Charlie Hebdo.